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elementar - conjugação de terra, água, fogo e ar

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Vale da Utopia

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

passado a limpo

O Iching garante que se você quer conhecer uma pessoa, observe do que, de quem e como ela cuida do que precisa ser cuidado.

Passando a limpo o passado, relembrei esta máxima e mais uma vez a certeza de que vale muito, vale a pena, vale tudo.

ps.

Nossa loucura é garantia de mínima sanidade.
Neste mundo às avessas,
o desvario é a normalidade
e a simplicidade, um desvario.

Em 18/12/08, para A. E.

Destino

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino
Paulo Leminski

Naquela noite de primavera, a lua era um chamado para o desconhecido. Foi sem receio ao encontro do destino que desenharia, gesto por gesto, como uma pintura de Pollock, letra por letra, como um haicai do Leminski, cena por cena, como o filme de Amelie.
Não tinha, ainda, a convicção de que o destino é produto de escolhas.
A única certeza - intuitiva - que tinha: mesmo as escolhas mais racionais são atravessadas pelas imprevisões do acaso.
Não teve medo do fogo, não teve medo da água.
Queimou-se por inteira, prendeu o ar e mergulhou.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Receita de Ano novo


mais um ano termina
novamente verão.
tudo novo de novo,
como diz a canção.

planos, desejos, metas
novo caos em linhas retas.
um brinde aos poetas!!!


Receita de Ano Novo

Carlos Drumond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Escambo no 512




Fotos: Carolina kazue

"Se você tem uma laranja e troca com outra pessoa
que também tem uma laranja, cada um fica com uma laranja.
Mas se você tem uma idéia e troca com outra pessoa
que também tem uma idéia, cada um fica com duas." (Confúcio)

Domingo a tarde, calor infernal, 20/12, véspera de véspera de natal. Período confuso: as sensibilidades em geral oscilam entre a alegria (pelos reencontros, pelas trocas de presentes, pelas festas) e a tristeza (pelas hipocrisias dos encontros, pelo consumo exarcebado, pelas contradições da nossa cultura, pelas ausências ). Mas que tal fazer algo diferente, divertido, cultural, solidário e sustentável?
Neste domingo a tarde o tédio foi para o escambal porque fizemos um divertidíssimo ESCAMBO(1)!!
A idéia foi da Bina, Dani & Cia: CARIDARTE - unir o útil ao agradável, dispensar o fútil e tornar o que é bom melhor ainda: trocar e trocar e doar! No 512, o bar mais freqüentado e elogiado da Cidade Baixa pelos amigos e os amigos dos amigos.
Talentos revelados e desvelados: a Bina dançou, a Dani cantou, a Kazue expôs suas fotos. Teve poesia nas paredes (gostou? pega pra ti!), cerveja gelada nos copos, a mulherada tagalerando e trocando sob os olhares e ouvidos atentos dos homens. Teve quem quis trocar elogios e discussões bem-humoradas (e alfinetadas) sobre para quem as mulheres se vestem. Teve quem se deu bem trazendo para casa a satisfação de ter conseguido a blusa, a saia, o calçado, o casaco ou o vestido e, ainda, de brinde, ter conhecido pessoas interessantes.
Segundo o Feng Shui, coisas paradas em nossas casas deixam a energia acumulada, atravancando caminhos, impedindo que as coisas fluam.
Segundo a economia mundial, escambos são alternativas a crise econômica e práticas de troca são adotadas em vários cantos do globo.
E, segundo a ecologia? Excesso de consumo, excesso de lixo, excesso de tudo que destrói e falta de bom senso, de racionalidade, de responsabilidade com PACHA MAMA, nossa casa, nosso lar.
Nesses nossos tempos líquidos e sombrios, promover alternativas interessantes e afirmativas que evitem o consumo, promovam a troca e a sustentabilidade, é digno de celebrar.
E foi isso que fizemos ontem: celebramos e confraternizamos ao som de boa música, conversas espirituosas e trocas, muitas trocas.
Parabéns a Bina que teve a idéia, a Dani e a Kazue e a todos que acreditaram, participaram. Parabéns a galera do 512 por ter cedido o espaço e participado também.
Eu voltei pra casa feliz da vida com a saia da Lia que troquei pelo meu vestido indiano com a saia da moça que a lia queria (ela queria a saia,não a moça). E com a sapatilha vermelha que era da Tita que ficou com bota que a Leda me deu mas não me servia. E pequena princesa ficou mais linda do que já é com a coroa que era da Tatá.
E, certamente, as pessoas que receberem as doações de alimentos e roupas também ficarão bem felizes.

(1)A palavra escambo é utilizada quando existe uma troca de mercadorias ou serviços entre as partes envolvidas sem a utilização do dinheiro.


Valores do seculo XXI

QUINO







































































domingo, 13 de dezembro de 2009

Bailas???


Eu só acreditaria num deus que soubesse dançar.

Friedrich Nietzsche

Mafaldices

A Mafalda já entendia e sentia a condição da urgente brevidade da moderna condição humana. A Mafalda faz análises perspicazes, mas é divertida e faz a gente rir, diferente do Bauman que até agora não apontou uma só perspectiva. Só crítica, análise, etc. talvez eu tenha esta tendência messiânica de acreditar que um outro mundo é mesmo possível. Aliás, não só possível como necessário.