As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuissobre um fundo de manchas já de cor de terra- como são belas as tuas mãospelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram danobre cólera dos justosPorque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.E, ao entardecer, quando elas repousam nos braçosda tua cadeira predileta,uma luz parece vir de dentro delas...Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,vieste alimentando na terrível solidão do mundo,como quem junta uns gravetos e tenta acendê-loscontra o vento?Ah! Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre dastuas mãos!E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas...essa chama de vida – que transcende a própria vida...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
Mario Quintana
O texto é do Quintana.
ResponderExcluirA foto, eu tirei em dezembro último, da mão de meu pai na lida.
As mesmas mãos que toquei frias em 12/05/09